Foi-se o tempo em que a palavra de ordem dos brasileiros ávidos por justiça era: “queremos justiça”. Isto ficou apenas no imaginário de muitos e escrachada pelas figuras que vestem toga ou beca. O descalabro na Justiça brasileira passa de vexatória a ridícula diante da irresponsabilidade de alguns. Não pelo fato de a maioria dos magistrados ultrapassar a idade de assimilação, mas pela incompetência profissional combinada com à preguiça e a ganância financeira de muitos.
Os tribunais espalhados por este país não tem mais lugar para amontoar os calhamaços de processos e papéis que nunca foram folheados ou vistos. A premissa de que há poucos juízes para tantos processos não convence o mais abestalhado dos barnabés. Os detentores de cargos na magistratura brasileira desfrutam da mais invejável mordomia estabelecida ao terceiro poder no país. A Justiça é cega e vai permanecer cega para não ver seus disparates.
Com a onda de protestos em todos os recantos do Brasil, desencadeados a partir da revolta de brasileiros incomodados com a omissão e corrupção dos poderes, a Justiça brasileira perdeu a pose de “intocável” e já se pode mostrar a “caixa preta” da nau sem rumo. A nível nacional, o que se vê são discussões e bravatas entre os “poderosos” numa clara demonstração de vaidade e interesse pessoal.
Quem não se lembra dos embates entre o presidente e vice do STF, Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski, onde permanentemente medem força e jogam para a plateia como se fossem os donos do time de onze ministros colocados nas confortáveis cadeiras do Supremo pelas mãos dos presidentes do Brasil? Que contribuição esses senhores acrescentam para a Justiça a não ser o desgaste?
NÃO DÁ PARA ACREDITAR
Como podemos acreditar na Justiça brasileira com tantas benesses aos verdadeiros corruptos sem falar na venda de sentenças e outras coisas mais? Lembram-se dos mensaleiros? E do José Genuíno, que pegou seis anos e nove meses de prisão por roubo e sua sentença foi tomar posse na Câmara dos Deputados. E mais recentemente, do bicheiro Carlinhos Cachoeira, que foi condenado a trinta e nove anos e oito meses de prisão e como reconhecimento pelo mérito, a Justiça deu-lhe o gozo de férias em lua de mel na Bahia.
São tantas coisinhas miúdas no nosso Judiciário que faz-nos desacreditar em tudo e em todos. Incongruências, eternos retornos, coisa julgada que passa a não ser mais por decisão de um único ministro do Supremo Tribunal Federal. Processos na gaveta indefinidamente. Demora na prestação jurisdicional, precatórios que são empurrados com a barriga. Enfim, uma verdadeira falta de vergonha e que ainda somos obrigados a bancar esse Poder.
As OABs calam-se inertes diante do quadro desalentador. As entidades que defendem os direitos dos advogados já deveriam tomar as ruas à moda dos jovens caras pintadas, mas ninguém quer se indispor diante de suas excelências. Enquanto isso, o Brasil vai descendo a ladeira pela falta de credibilidade geral, ampla, total e irrestrita.
Vilson Santos
JORNALISTA